quinta-feira, setembro 08, 2005

Os últimos dias de Sampaio

A personagem não me é de todo simpática. Admito. Nunca gostei daquele seu ar de provinciano, de coitadinho, de quem é quase sempre apanhado de surpresa pelos acontecimentos, mas acima de tudo nunca alinhei com a sua quase obsessiva sede de protagonismo.

O nosso futuro Ex-Presidente da República padece de um complexo de inferioridade política, pois nunca soube conviver com o facto da sua posição ser quase de inactividade pública. Temos que admitir que o homem bem tentou entrar na agenda política do país, com as suas condecorações, reuniões privados com os supostamente "mestres da nossa economia", recepções no Palácio de Belém a escritores, equipas de futebol, etc....

Mas relativamente ao essencial, às posições de força necessárias no tempo indicado, aos avisos à governação, às criticas que seriam de bom tom fazer, o nosso Ex-Presidente da República falhou sempre os alvos. Acho que realmente apenas esteve atento à Governação Santana Lopes, sendo que todos os restantes Primeiros Ministros beneficiaram de uma complacência quase inocente para todos os erros, trapalhadas e afins.

Se pensarmos que nos últimos meses, temos assistido a erros nos orçamentos, à grave crise dos incêndios, à questão dos investimentos económicos mal explicados na OTA e TGV, à demissão de Campos e Cunha, e a um desnorte crescente do governo que atingiu o pico com as férias do eng. Socrates, e que a tudo isto respondeu Sampaio com silêncio (e ainda por cima num 2º mandato), penso que o povo Português deve ficar um pouco melindrado.

Outra coisa ridicula convenhamos foram as condecorações quase forçadas que aconteceram em Junho. Não concebo que se condecorem pessoas pelo seu mediatismo rápido e bacoco proporcionado pela TV e Imprensa, como o Rui Santos, Leonor Pinhão, Judite de Sousa, entre outros. Temos felizmente um país de herois, mas anónimos, que ano após ano ficam esquecidos, pessoas que realmente batalham por este país, em locais muitas vezes incógnitos, e perdidos nesse imenso Portugal profundo, que infelizmente ainda existe. A esses Sampaio nunca soube dizer que existia, nunca os soube animar, preferindo sempre a companhia dos seus amigos, e das tão famosas vedetazinhas, agora comendadores, que o bajulam e fazem sentir importante.

Admito. Não gosto da personagem, e o balanço do seu trabalho é no meu entender infelizmente pobre, insonso e na minha opinião gravemente irresponsável. Para a história sei que ficará um registo diferente, mas pouco me interessa. Para mim Sampaio será sempre um Presidente da Républica cobarde, e que viveu escondido na capa do mediatismo e falsa inocência.


Ás de Copas

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