terça-feira, outubro 24, 2006



Aborto: uma questão de consciência.

Está instalado o debate da interrupção voluntária da gravidez na comunicação social e na sociedade civil. Estamos perante uma questão muito melindrosa de foro ético e que apela à consciência de cada um. Debater o aborto é caminhar sob o fio da navalha, pois está em causa o início de uma vida humana.

Devo dizer que sou contra a liberalização do aborto até às 10 semanas de gestação. Penso já serem suficientes as três excepções contempladas na actual lei. Discutir se já há ou não vida humana a partir das 8 ou 10 semanas é para mim uma questão de somenos importância, entendo que se trata de uma questão de natureza humana. Interromper o ciclo normal da vida é contranatural. Nenhuma mulher recorre ao método abortivo de ânimo leve, porque além de colocar a sua própria vida em perigo, ficará para sempre atormentada com esse acontecimento. Considero ainda inaceitável do ponto de vista ético o recurso ao aborto como método de planeamento familiar! E a liberalização do aborto poderia abrir uma porta em relação a esta situação.

Actualmente existem métodos contraceptivos de grande eficácia, muita informação e divulgação acerca dos mesmos, além de consultas gratuitas de planeamento familiar nos centros de saúde. Sendo assim, julgo que a prioridade deverá estar do lado da prevenção e do planeamento familiar e não no campo oposto da interrupção de gravidezes indesejadas.

O facto de ser contra a liberalização do aborto, não me impede de considerar uma aberração a criminalização das mulheres que recorrem a este método para interromperem a gravidez. Julgo que a solução ideal e mais equilibrada vai ao encontro das posições assumidas por Zita Seabra e Freitas do Amaral. Esta tese, embora não abrindo a porta à liberalização do aborto, defende a descriminalização das mulheres que o praticam.

Outra questão pertinente que se levanta caso a liberalização do aborto seja aprovada, prende-se com a actuação dos médicos. Como é que actuará um médico que seja frontalmente contra a prática abortiva? Será obrigado a fazê-lo mesmo que a sua consciência pense o contrário? A liberalização do aborto não será uma espada de Dâmocles a pairar sob a cabeça dos médicos?

Bisca de Copas

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