terça-feira, novembro 15, 2005

Tiros no escuro


Não sou cidadão francês, nem pretendo sê-lo, mas os últimos 4 anos que tenho passado em terras gaulesas têm sido bastante bem gozados em que consigo juntar uma formação académica excelente a muitos momentos de prazer que este país nos oferece e que particularmente a cidade de Lyon me tem oferecido. No entanto parece que quando vemos um telejornal de um outro país a dimensão dos recentes problemas em França, principalmente de vandalismo e pouco mais do que isso, é coberto como um bolo mil folhas, cada qual acrescenta a sua opinião, alertando para a gravidade do problema, as desigualdades, a falta de acesso ao mundo do trabalho por parte de muitos habitantes desses bairros sociais periféricos, a diferença em relação ao seu mais que perfeito país onde isto seria impossível....blabla...
Mas o sentimento da maioria dos franceses é muito provavelemte o contrario adquilo que as nossas cabeças bem falantes conhecem, muitos deles não compreendem porque as suas cidades de um dia para o outro são alvo de toda a atenção do mundo. A grande maioria dos bairros sociais franceses têm sido alvo de grandes melhoramentos (demolições, construção de instalações de desporto e lazer, estações de metro, novas escolas, programas especiais de educação).. e logo que um bando de tipos(muitos deles menores,13,14,15 anos) com más intenções (que nunca quiseram trabalhar, registe-se) decide de lançar a confusão, todos se lançam a dizer "o rei vai nú!". Deitando para o lixo anos e anos de trabalho para fazer convergir os níveis da população em geral com os níveis dos habitantes da periferia das grandes cidades.
A integração é feita também por aqueles que chegam e não só por aqueles que já lá estão. O esforço tem de ser mútuo e não podemos pensar que o nosso futuro depende dos subsidios do estado e do dinheiro que nos é dado para nada fazer(RMI).
A dramatização destes acontecimentos é ridicula comparando com a situação que se vive na maioria de paises africanos, asiaticos e da américa do sul. Na minha opinião é mais um caso de ordem publica que um caso de mal estar social. O fututo nos dirá.

Efeito boomerang

Uma boa parte dos franceses que votaram "Não" no referendo para a Europa justificaram a opção por pensarem que o modelo social europeu reflectia pouco o modelo francês, que eles consideram quase perfeito, dizendo que o ideal seria exportar o modelo "França social" para todos os países da UE. Os mesmos que o consideraram perfeito são aqueles que agora vêm criticar tudo e todos e dizer este modelo é responsável pelo mal-estar que está na origem da desordem. Em que é ficamos ?
Na minha opinião, enquanto se motivar os desempregados e RMIstas com bons subsidios e continuar a dizer-lhes que a culpa é do sistema e que um emprego cairá do ceú sem o minimo esforço, as coisas não vão mudar.



sena de paus

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