De volta à colonização!
30 anos depois de Portugal ceder a independência às suas últimas cólonias no ultramar, verificamos que a tendência - que no último ano se acentuou claramente – é voltar a explorar os países africanos de expressão portuguesa. Grandes empresas portuguesas deram o mote para que empresários com gosto pelo risco ganhassem coragem de investir em Cabo Verde, Moçambique e especialmente em Angola.
Com um cenário político aparentemente pacifico e com o alto nível de crescimento económico verificado no último ano, Angola é sem dúvida o país preferido pelos empresários portugueses para alargar os seus negócios. Para além do ouro negro, Angola dispõe de outros importantes recursos naturais (gás natural, minérios, fauna e flora em abundância) que fazem deste país uma terra de oportunidades. Chegam diariamente várias empresas multinacionais interessadas em estabelecer relações comerciais com Angola, pelo que é importante que as empresas portuguesas consolidem a sua posição junto do investimento estrangeiro que tem contribuído para a dinâmica de crescimento deste país.
Agora, “the million dollar question”? Olhando para a Angola de há 30 anos atrás e agora, pergunto-me se os seus nativos, a saber o que o futuro lhes reservou, prefeririam continuar sobre a autoridade de Portugal ou optavam pela autonomia de Angola?
Sendo a favor da liberdade e autonomia das nações, considero de todo legítimo que Angola e os outros países colonizados, quisessem a sua independência. Todavia, não tenhamos dúvidas que há 30 anos atrás Angola era um país muito mais desenvolvido do que é hoje!
Fruto do descuidado processo de descolonização do império português, milhares de portugueses entregues à bicharada. Enquanto potência colonial, Portugal largou a independência nas ruas o que deixou os povos colonizados à beira da Guerra Civil! Curioso é que, os que proclamaram ser responsáveis pela independência das colónias são hoje vistos como heróis nacionais!
Naturalmente que há quem apregoe que a descolonização deveria ter sido feita muitos anos antes, a exemplo da Holanda, França e Inglaterra, mas é preciso não esquecer que a descolonização destes países não foi consentida e só existiu após 1945 devido à dilaceração da 2.ª Guerra Mundial, com a ocupação nazi de alguns países colonizadores, o que acelerou a decomposição destes impérios.
Os próprios EUA que na década de 60 e 70 tanto criticaram Portugal nas Nações Unidas, foram os mesmos que passaram a beneficiar com a Angola independente, através do fornecimento de material de guerra, responsável por milhares de mortes! Mais tarde foi o país que fechou os olhos à invasão de Timor!
A história repete-se, e apesar de assumir uma forma diferente, a “colonização económica” de Angola e de todos os países africanos que têm recursos de relevante interesse, vai sendo feita de forma dominadora e absorvente!
Ás de Ouros
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