Inovação
Criticava-se há dias neste espaço, o modelo de debates em vigor nestas eleições presidenciais, a propósito de um pretenso favorecimento a um dos candidatos. Depois de assistir com mais atenção ao debate entre Cavaco Silva e Louçã, ocorreram-me algumas ideias que gostaria de partilhar.
Há quem ache mal este tipo de debates em que no final, ambos os candidatos discursaram o mesmo tempo e onde tiveram a oportunidade de explanar todas as suas ideias e ao mesmo tempo ser confrontados pelo adversário e por moderadores com um enorme Know how, talvez eles melhores candidatos que alguns actuais candidatos, tudo isto num ambiente de enorme educação. Serão preferíveis debates onde o lançamento de algumas atoardas demagógicas e na maioria das vezes sem substância política acabam por ser decisivos na escolha de um vencedor? Eu acho que não.
E em que medida um debate nessas circunstâncias poderia ajudar Soares? Talvez pudesse, quando se falasse nas ligações estreitas que Portugal mantém com os países irmãos Índia e Seycheles, que estão bem vivas graças às suas visitas e das suas enormes comitivas. Porque quando o assunto fosse política á séria, não vejo sinceramente onde fosse o nosso domador de elefantes e tartarugas levar vantagem. Só numa base de constante agressão de onde no fim nenhum português pudesse tirar conclusões e escolher o seu candidato com base em ideias por ele apresentadas. E isto é interessante? Eu acho que não.
Assim resta-nos esperar pelos debates mais aguardados, para saber se é possível com educação, ideias e argumentos, fazer valer a opinião ou se continuamos num país de atrasados, onde o que conta é falar mais alto que os outros e entremear umas graçolas. Lembrem-se só que um vencedor nato destes debates à moda antiga era o Dr. Vale e Azevedo.
Como nota final, para os mais esquecidos três factos:
1º) Este modelo de debates segue um figurino norte-americano, que como quase em tudo, se encontra na vanguarda;
2º) É o mesmo tipo de debate que foi usado entre o Sócrates e o Santana, mas neste caso ninguém se lembrou de acusar que existiam favorecimentos;
3º) Para conversa de café, apelido que uns deram ao debate entre Cavaco e Alegre, foi um tanto ou quanto interessante, visto ter batido os recordes de audiência;
Abraço, quatro de espadas.
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