O 1º (outrora 4º) Poder...
Mesmo sabendo que o objectivo de Carrilho passa por expiar os pecados da sua campanha e a derrota em si mesma, relegando esse ónus para manigâncias orquestradas pelos jornalistas e pelas agências de informação, o que de todo rejeito, julgo que o seu livro teve o condão de alertar as pessoas para o enorme poder exercido pela imprensa.
Cada vez mais, em sociedades mediatizadas como a nossa, as pessoas são influenciadas pela comunicação social e torna-se premente fiscalizar (não censurar) a isenção dos jornalistas. Numa campanha eleitoral, é ainda maior a importância dos media, sabendo-se da sua capacidade para condicionar simpatias e granjear afectos para os candidatos.
E esta discussão abre a porta para outras questões como oportunamente abordei neste fórum, como sejam: teria o Prof. Cavaco capacidade para ganhar à 1ª volta as presidenciais se não congregasse no seu lado da barricada, a boa imprensa? Admitamos que faziam a Cavaco no momento em que apresentou a candidatura junto à mulher e aos netos – ou na célebre reportagem do Expresso em que estes estavam sempre presentes -, o que fizeram a Carrilho por causa do famigerado vídeo em que entrava (1minuto) a sua mulher e filho. Tenho sérias dúvidas que obtivesse tão bons resultados.
Não pretendendo retirar esqueletos do armário, penso todavia que o papel das sociedades passa por impedir que haja atropelos dos direitos individuais, e nestas situações, julgo que é violado o direito à informação (isenta e rigorosa) e de algum modo, é posta em causa a própria democracia. Uma sociedade não esclarecida ou influenciada, é uma sociedade que não sabe escolher os seus representantes.
Tenho, como o As de Ouros, cada vez mais dúvidas se valerá a pena ler jornais e aquela estatística do Expresso deixa-me preocupado, no mínimo. Num estado de direito não pode haver poderes insindicáveis e julgo que no nosso País, tal ainda sucede pelo menos com dois poderes: o poder da comunicação social e o poder judicial. Enquanto assim for, não seremos uma verdadeira democracia.
Até concordo que se diga que qualquer um pode escrever um livro (desde que tenha dinheiro), mas esta extensão a Carrilho é que me confunde: Será ele qualquer um?
Duque de Espadas
2 comentários:
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