terça-feira, dezembro 13, 2005

(I)Moralidades

Para quem não quer ver, não há óculos que lhe valham. Eis a conclusão que chego depois de ler certos comentários relativos à campanha presidencial.
Começaria pelo modelo de debate. Na minha ingénua visão da política, sempre julguei que um debate consubstanciava uma troca de argumentos, uma discussão, algo mais que uma mera conversa ou duas entrevistas acopladas. Porque este conveniente pseudo “modelo americano” que adoptamos (completamente diferente do efectuado nas ultimas eleições americanas em que, entre outras diferenças os candidatos estavam de pé e muito mais próximos), pouco mais é que a junção de duas entrevistas. Não se trata de transformar o debate num circo, numa feira, mas sim dar-lhe alguma vivacidade, entusiasmo, permitindo que os candidatos exponham posições mas, olhos nos olhos, com todas as vantagens que se retiram da imediaticidade, como os suores, o gaguejar, a contradição. Mas ninguém quer bons debates.
No que concerne a Louçã, esteve brilhante nos “debates” até agora efectuados (até Marcelo reconheceu que ele esteve muito bem contra Cavaco), sendo o único candidato que ousa explicitar as suas ideias, por muito controversas que possam ser. Ah! Conseguiu colocar Cavaco a falar de diversos temas…
Claro que para os cavaquistas anti-soaristas nada melhor que exaltar as virtudes de Alegre e esperar que fique à frente de Soares. Isso seria uma vitória em toda a linha. Pessoalmente ficaria triste porque Alegre é o candidato mais fraco de todos, que sem moinhos de vento para lutar torna transparente um enorme vazio.
Quanto a Cavaco, tem tudo a seu favor (mas mesmo tudo!). Mas para aqueles que não compreenderam o facto de Jerónimo de Sousa ter acusado Cavaco de ser o grande responsável pelo défice e porque temos todos memória curta, relembraria a frase de Miguel Cadilhe (exministro das finanças de Cavaco) no “Expresso” há alguns meses atrás: “Cavaco é o pai do monstro (o novo regime retributivo da função pública)”.

Duque de Espadas

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