terça-feira, fevereiro 27, 2007



Martin Scorsese

A última gala dos óscares fez justiça a um dos melhores realizadores do nosso tempo. Escrevi há tempos que Scorsese dificilmente chegaria ao Óscar com o filme The Departed. Este não é o seu melhor filme, contudo entendo a atribuição do Óscar de Melhor Realizador como um reconhecimento à sua brilhante carreira como cineasta.

Bisca de Copas

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

O meu candidato

Nesta altura em que a Câmara de Lisboa está numa morte lenta e que só o medo da oposição em perder mais umas eleições, permite este agonizante final, eu gostaria de partilhar uma esperança - ou uma utopia se preferirem - que me vai assolando. Trata-se da possibilidade de união de toda a esquerda em Lisboa (como no passado) em torno de Sá Fernandes.
Acredito que este homem seria um grande presidente para a capital, quer pela visão estratégica que já demonstrou ter, quer pela rectidão a que nunca cedeu, como ainda agora confirmamos com o caso "Bragaparque". Já é tempo das melhores pessoas ocuparem as melhores posições, e assim como acontece na cidade do Porto, em que há um autarca inquestionavelmente sério nos seus destinos - o que não invalida que não possa ter tomado algumas más medidas -, também Lisboa merece um homem assim. Sá Fernandes seria, sem dúvida, a minha escolha para a capital.
Aproveito ainda para falar do F.C.Porto-Chelsea, jogo que tive oportunidade de assistir ao vivo. Creio que teve azar o Porto, pois mereceu mais ganhar perante o Chelsea mais fraco dos últimos três anos e ainda por cima com três perdas (Terry, Robben, Essien) importantíssimas num único jogo! Creio que para aquele Chelsea, faltou uma ponta de sorte e também um grande estádio com um grande ambiente europeu que catapultasse a equipa para uma exibição superior e amedrontasse o adversário. Enfim... creio que faltou alguma Luz.

Duque de Espadas

Rescaldo de um confronto de campeões
Ontem o Estádio do Dragão voltou às grandes noites europeias. Ambiente escaldante com o público ao rubro e bom futebol dentro das quatro linhas.
Gostei mais da exibição do FCP do que do resultado. Não vi um Porto acanhado e borrado de medo do papão Chelsea. Os azuis da invicta jogaram de igual para igual com os de Londres e lutaram até ao final do encontro por um resultado positivo.
Destaco dois jogadores que me impressionaram pela positiva do lado do FCP: Paulo Assunção e Ricardo Quaresma. O primeiro fez um jogo absolutamente irrepreensível do ponto de vista táctico, sendo uma barreira intransponível à frente da defesa portista. Até os mais cépticos já se renderam à pura magia de Quaresma, porém, nunca é demais lembrar aquela trivela magistral que só foi travada por capricho da trave. Quaresma foi ainda alvo de entradas duríssimas e violentas por parte dos jogadores adversários. Aquela entrada que sofreu por parte de Essien é inqualificável. Todos sabemos que aquelas entradas não são inocentes e visam intimidar quem tem mais capacidade para desequillibrar a partida.
Resta-me dizer que a passagem do FCP aos quartos-de-final da Liga dos Campeões é muito complicada, poucas equipas conseguiram a proeza de vencer em Stamford Bridge, mas no futebol não há impossíveis...
Bisca de Copas

terça-feira, fevereiro 20, 2007

DO - RE - MI - FA - SOL - LA - SI

DO (Dó) - Mete dó o actual PSD e MMendes...Já não bastava ter tido uma posição envergonhada na ridicula situação do Municipio de Lisboa, que só faltava ter apoiado a birra de João Jardim. A laranja anda mesmo azeda.

RE (Repetição) - É sempre assim... Os grandes partidos quando em oposição não interessam a ninguém. Os inteligentes escondem-se e contam espingardas para atacar nas vésperas das eleições. Dentro de 4 anos começará a guerra, penso que tripartida: Sarmento num vértice, Rio e Aguiar Branco noutro, e Menezes no último. A ver vamos quem vencerá.

MI (Mito) - É a queda de um mito. MTV cada vez significa menos Music Television...

FA (Favorito) - Favorito para amanhã? Chelsea? Porto? Mourinho queria voltar ao Porto, num jogo a sério e conseguiu... Dificil duelo para os blues de Londres, mas penso que este ano é o ano europeu do Chelsea. Portanto está feita a minha aposta.

SOL (Sol) - Alguem tinha dúvidas que Jorge Costa seria o próximo treinador do SC Braga? Penso que apenas Rogério Gonçalves pensava que não. Nunca pensariam é que fosse tão rápida a ascensão. Lá vai o rapaz, ter que estudar de noite...

LA (Lamentável) - Lamentável a pergunta de uma jornalista a José Veiga se achava que Rui Costa podia ser o futuro director geral do Benfica.Comparar Veiga a Rui Costa, é como comparar um cão a um gato, vinha branco a tinto.Enfim...Por aqui talvez se perceba os anti-corpos que Veiga tem no actual SLB. Para muitos Veiga é o principal entrave ao futuro de Rui no nosso clube.

SI (Simple) - Keep it Simple José! Ao fim de dois anos de governação, penso que o balanço é positivo. Sócrates e a sua equipa têm-se portado razoavelmente bem, sendo um governo responsável e com espírito reformista (boas reformas na Adm. Pública, Fisco, Justiça e Educação). De lamentar a questão das portagens, da OTA e do TGV, e de alguma precipitação nas medidas na Saude. Se fosse Marcelo daria 14 valores.

Ás de Copas
A Ti, meu caro Valete de Copas (2)...

Ponto prévio: Referi que não voltaria a este tema, mas apenas o faço para não existirem dúvidas sobre o antes por mim escrito.

No meu anterior post, em nenhum momento refiri que pretendo que se volte a 4, o que até seria estranho, quando por sinal até fui eu, que (com prazer) convidei mais alguns amigos para entrar nesta tertúlia.

Apenas registei estranheza face ao teu comentário que achei totalmente infeliz e despropositado, e, partilhei a minha visão para este espaço, que como referi não me parece idêntica à tua.

Lendo a tua resposta, percebo uma pequena ratoeira. Vais-me desculpar, mas não vou cair na mesma.

Assim, como em nenhum momento escrevi ou pretendi que parasses com a tua contribuição no Blog, penso que perdes as razões para a tua auto-suspensão.

Fico assim esperançado que revejas a tua posição, e que retomes o teu posto de “pensador” e comparsa neste espaço, já que ele vive de todos nós, e não apenas de alguns.

Abraço


Ás de Copas

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Fragilidades

Não compreendo a incapacidade do Ás de Ouros em lidar com criticas, com opiniões diferentes da dele. Fico sempre com a sensação que face à incapacidade de as rejeitar, esconde-se em subterfúgios. Desta vez, é a sugestão dos comentários passarem a ser no próprio post. Quantas vezes respondeu ele a coisas aqui escritas com outro comentário? Muitas, aliás, nem outra coisa faria sentido, pois o debate faz-se com sucessivos posts, não nos comentários aos posts. Estes tiques de autoritarismo inquietam-me. Aos meus posts podem sempre responder com novo post, mesmo que isso mostre à evidência todas as fragilidades do meu raciocínio. Não tenho a presunção de estar sempre certo.
Tenho uma certa dificuldade em lidar com discursos incoerentes. O Ás de Ouros quer distinguir o essencial do acessório, mas continua a bater em pontos absolutamente secundários nesta questão do aborto. Aliás, esta conduta errática tem sido típica nos senhores do “Não”: Primeiro, eram pela vida contra os assassinos. Depois, quando perceberam que o País evoluiu e já não vai em hipocrisias e chantagens emocionais, surge Marcelo Rebelo de Sousa com a tentativa desesperada de virar o jogo com a teoria tão bem satirizada pelos “Gato Fedorento” do crime sem castigo. Seguiu-se ainda uma declaração de mau perder de um médico até agora desconhecido (já repararam na quantidade de pessoas desconhecidas, ou quase, que saíram do anonimato com a causa do “Não”?) com jeito de padre, em que punha em causa a validade do referendo, insinuando que os abstencionistas votariam todos “Não”, se votassem (bem ao jeito do Estado Novo tão do agrado do Ás de Ouros). Agora, surge esta tentativa de mostrar que houve um logro que enganou os portugueses, coitadinhos, tão inocentes. Eles não percebem que os portugueses, como toda a Europa evoluída, não querem mulheres presas pela prática do aborto e preferem que este se pratique nas melhores condições de saúde possíveis. Isto é o essencial.
Diz ainda que é agnóstico político, o que duvido, mas acrescento que pior que ser agnóstico político é ser fundamentalista religioso. E preocupo-me quando sugere que os homossexuais são responsáveis pela SIDA. Ao menos, no tempo do Prof. Salazar, não havia disso... apenas alguns rapazes com trejeitos afeminados.

Duque de Espadas

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

O meu entendimento

venho só fazer uma referência, curta ao escrito pelo Ás de Copas.

Entendo das suas palavras que gostaria que o clube mantivesse o seu uso confinado a 4.
Até alguma palavra em contrário a minha participação fica suspensa, dado não me sentir confortável onde a minha presença ou opinião é indesejada.

Valete de Copas
direito à defesa da honra...

Dizer que tenho falta de espírito democrático porque abordei a questão do aborto, mesmo depois de ter sido derrotado, desculpem mas não faz qualquer sentido. Alias, falta de sentido democrático é não aceitar as derrotas ou assobiar para o ar a ver se não é nada connosco! Portanto, assumo que a minha opinião foi derrotada por quem votou, no entanto, não deixo de manter a opinião que tinha, reforçada pelo comentário que fiz sobre a questão do aconselhamento e do recurso aos privados para fazer abortos.
Associar “aconselhamento” a uma Junta Moral só lembra a quem vê Quadratura do Circulo e concorda com as opiniões do Jorge Coelho e tudo o que ele representa no partido socialista. E nessa questão estou muito à vontade, pois no que toca à política sou agnóstico e, não me deixo inspirar por qualquer comentário partidário, a menos que concorde por convicção. Se há quem mantenha a cândida expectativa que o aconselhamento será obrigatório porque leu algures, ok, o tempo dirá quem tem razão.
Sobre o comentário do preservativo e dos milhões que morrem com SIDA, antes de mais devo afirmar que sou a favor do uso do preservativo, não me revendo na posição assumida pelo Vaticano. Tenho pena é que o Duque utilize estas artimanhas para distrair as atenções do essencial. Ainda sobre o seu comentário, devo também dizer que o assentimento que a sociedade tem permitido em favor da “modernidade” é támbém responsável pelo elevado n.º de infectados com SIDA. Mas isso não convêm referir!
Talvez tenhamos oportunidade de discutir este tema no próximo referendo sobre o casamento homossexual ou sobre a adopção de bebés por homossexuais.
Abraços,

Ás de Ouros

PS: Proponho fazer comentários às postadas dos nossos parceiros de blog no espaço reservado a tal.
A Ti, meu caro Valete de Copas...

Vindo de um amigo, por sinal até com um refinado sentido de humor, fiquei sem entender a razão de tanto azedume e incómodo. Com gosto leio a palavra fundador, pois assim foi. Obrigado pela referência. No seus primórdios, confinado a 4, este espaço seria (pensava eu, talvez inocentemente) um espaço um espaço livre e de algum debate, se possível com humor e elegância.

Penso não teres entendido devidamente o espirito desta tertúlia, que mais não seria do que uma forma de nos mantermos em contacto, mesmo quando o tempo ou as circunstâncias não o permitem. Como infelizmente já percebi, o entendimento que tens, não é o mesmo.

Paciência.

Obviamente não voltarei a este "tema", pois não entendo a importância que o mesmo te mereceu e quanto às perguntas colocadas, vais-me desculpar mas não obterás resposta. Todos nós temos direito aos nossos momentos infelizes, e penso que a tua referência não passou disso mesmo. Pelo menos assim espero.

Ás de Copas

Portugal, que futuro?


Soubemos ontem através da comunicação social que os cerca de três mil estagiários da função pública, quando virem os seus contratos terminarem em Março, não irão continuar vinculados à mesma. Quais são os objectivos destes estágios? Empregar jovens com formação média e superior; fornecer-lhes experiência profissional tendo em vista a sua integração na vida activa; e abrir-lhes caminho a uma futura carreira no sector público.
O que é que vai acontecer a estes jovens? Vão todos para o desemprego, sem direito a subsídio pois durante o ano de estágio não descontaram para a segurança social. O Governo justificou este despedimento cego com a necessidade de controlo do défice orcamental. Estou ciente da necessidade imperativa do controlo do défice, ainda para mais com a supervisão de Bruxelas, porém assaltam-me algumas questões. Será que muitos destes jovens não trariam valor acrescentado à função pública, devido às suas elevadas qualificações? Parece-me que sim, e que seriam quadros mais qualificados e mais baratos do que a generalidade dos que estão vinculados ao sector público. Afinal, para que é que serviram estes estágios profissinais? Para desbaratar milhões de euros de fundos europeus, que supostamente deveriam servir para integrar recém-licenciados na vida activa. Será que a obsessão pelo défice justifica a tomada de medidas cegas? Parece-me que não, julgo que muitos destes jovens poderiam ser integrados com sucesso na função pública e assim renderem pessoas mais velhas e com menos qualificações.
Mesmo não sendo um especialista em finanças públicas, parece-me que o nosso défice orçamental não derraparia com o aproveitamento de muitos destes jovens. Estes jovens qualificados aufeririam muito menos, comparativamente aos funcionários públicos com idênticas habilitações.

Bisca de Copas
Democracia

Antes uma palavra para a falta de espirito democrático do Ás de Ouros. A lei sobre a descriminilização da IVG foi votada e temos de respeitar a vontade do povo, não é agora que vamos dizer o que quer que seja sobre a escolha. E recordo-me de não ter vindo a terreiro reclamar pelo novo Presidente da Republica, e não me sinto especialmente identificado com a figura de cada vez que aparece na televisão, ou é gozado em Espanha por ninguém lhe ligar puto aquando da sua visita. Mas foi a vontade do povo e tenho de a respeitar.

Por outro lado, os portugueses, especialmente os politicos de profissão, regozijam-se por termos uma democracia ‘madura’ (é este o termo usualmente empregado), e que o povo sabe o que quer! Aí sim estou de acordo com o Ás, porque tenho a certeza de que o povo não quer é saber e come o que lhe derem na boca!!
Daí considerar importante (ainda que pareça um passo atrás) a obrigatoriedade de voto salvo causa maior. É feito em países mais desenvolvidos, como a Bélgica, e em PVDs, como o Brasil, mas previne muitos constragimentos de se organizarem referendos, votações e ninguém aparecer às urnas. E no futuro não será melhor…

Fica a minha opinião.

Um abraço,

Valete de Copas

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

A Junta Moral

Lamento dizer isto, outra vez, mas… está enganado o Ás de Ouros.
Por preguiça e falta de paciência passo a citar o Portugal Diário:
“O modelo alemão para a interrupção voluntária da gravidez, que dirigentes socialistas admitem como inspiração para o PS, obriga a que a mulher comprove que foi a uma consulta de aconselhamento em centros oficiais criados para o efeito, noticia a agência Lusa.
Nestas consultas, que se destinam a prestar esclarecimentos médicos e sociais sobre as possibilidades e apoios para ter um filho e sobre os riscos da interrupção voluntária da gravidez (IVG), as mulheres não têm de justificar a sua decisão.
A lei alemã prevê ainda um período de ponderação obrigatória de três dias"
Eu sei o que pretendia o Às: Uma Junta Moral em que estivesse o padre da freguesia, um médico da Opus Dei e o César das Neves. Todos juntos, acabariam por convencê-la a não abortar. Depois, encarregavam-se de ficar com a criança uma vez por mês para garantir que ela não morria à fome.
Agradeço a lembrança do que escrevi, é a prova de que estava certo. Na cabeça do Ás, devem andar muito atrasados estes alemães.
Ah! E no Burkina Faso, num respeito absoluto pelas directivas do Vaticano, não só não se permite o aborto, como também o preservativo. Morrem aos milhões com SIDA. É assim que se enganam meninos...

Duque de Espadas

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

É assim que se enganam meninos…

Ainda sobre a questão do aborto, em abono da verdade e tal como tive oportunidade de referir, não estavam previstas condições de acompanhamento ao aborto no tal projecto-lei submetido pelo PS na AR e que veio dar origem à pergunta do referendo do dia 11. É curioso verificar que depressa fui contrariado pelo duque dizendo em comentário (…) ouvi a deputada Ana Catarina Mendes, uma das responsáveis pela lei a elaborar caso o "sim" vença, afirmar peremptoriamente que será instituído um sistema de acompanhamento ás mulheres que pretendam abortar, de acordo e passo a citar "com as melhores práticas europeias" (...).

Ora, menos de 48 horas depois do “sim” ter vencido, o Ministro da Saúde veio confirmar aquilo que os menos informados não sabiam: o aconselhamento á mulher não é obrigatório.
Mas ainda nos deixou com outra pérola: O SNS não tem capacidade para criar condições nos hospitais e centros de saúde para realizar abortos. Solução: Vamos ter que subcontratar a privados.

Concordo com a Bisca quando diz que parece que vivemos no Burquina Faso.

Ás de Ouros
















Coisas que não sei se me fazem rir ou chorar.
Às vezes quando vejo acontecerem certas coisas aqui no burgo, penso estar num lugar tão remoto e longínquo como o Burkina Faso. Porém, depois reparo que as pessoas são brancas, falam a língua de Camões e têm devoção pela D. Fátima.
Bisca de Copas

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

O regresso d"Os Sopranos"

Esta série está carregada de surpresas... A última das quais é o suborno de um jogador do Leiria na final da supertaça por 25.000€. Depois dos árbitros, dos dirigentes da Liga e federativos, faltavam os artistas. Não vá o diabo tecê-las.
As hipóteses de subornados são muitas mas desde logo há três nomes que saltam à vista: Helton, o guarda-redes e o mais útil de "comprar"; João Paulo, o central, também muito importante na estratégia defensiva e curiosamente, expulso nesse jogo; Maciel, o avançado, referência maior da equipa. Todos estes foram mais tarde transferidos para o Porto.
Aceitam-se apostas.

Duque de Espadas

sábado, fevereiro 10, 2007

O aborto é escuro?

Antes de mais venho regitar com agrado o facto de as últimas postadas terem reunido a generalidade dos normais escritores. Alguns dos acontecimentos recentes têm motivado escritas interessantes e divagações longas sobre assuntos importantes. Fica o registo.

Apesar do título da postada, quero dizer que versarei sobre mais do que um assunto. O título refere-se a um tema cinzento e não definido, sobre o qual o cada um terá a sua opinião. A minha é de Não ao aborto. Sim à IVG.

No que toca às postadas sobre a IVG, gostaria de partilhar que estou de acordo com tudo o que consegui reter da escrita da quadra. Enumera alguns argumentos de um e outro pontos de vista sobre o assunto e dá a sua opinião. Aprecio especialmente o facto de considerar o assunto demasiado sério para ser partidarizado - assunto que felizmente já vi referido noutros comentários (e sobre o qual eu próprio já escrevi).
Esclareço apenas não me 'enojarem e revoltarem' as diferentes opiniões mas alguns dos argumentos apresentados pelo 'não'. Já referi alguns deles, pelo que me parece não trazer valor acrescentado voltar a referi-los.

O outro assunto que queria focar é a forma de escrita do Ás de Copas. Fundador deste espaço, utiliza-o frequentemente - e ao contrário da generalidade dos 'pensadores' - para escrever por outros. Aproveito para dizer que até acho piada ao facto de cada um assinar as postadas com um nome de uma carta, mas que não é por isso que a partir de agora vamos partilhar aquilo que gostavamos que os outros dissessem. Recentemente publicou 'também lá chegaremos' e há uns tempos 'as palavras que nunca direi' (ou algo do estilo) em que também se pôs na pele de outras pessoas para escrever.
Serão problemas de identidade, e do facto dele ter uma costela azul e branca que o faz ter este tipo de comportamentos? Fica a interrogação.

Um abraço,

Valete de Copas
Rocky Balboa - não percam a oportunidade de ir ver este filme. A fusão entre Balboa e Stallone consegue dar uma dimensão inexplicavel à narrativa.

Bom fds

Rei de espadas

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Reflexão

Não queria deixar passar a oportunidade de compartilhar convosco algumas opiniões acerca de toda esta discussão da IVG. Para bem da democracia, a unanimidade não existe. É a controvérsia nas opiniões que nos faz debater temas importantes e desenvolvermo-nos. É isso que considero fundamental, e não as correntes políticas que ao sabor das conveniências vão ditando directrizes para os seus cegos fiéis. A minha primeira opinião vai precisamente para este ponto. Acho incompreensível que um tema como este seja partidarizado da forma como está a ser, principalmente pela esquerda, que sem excepção se associou à causa do “SIM”. Por que é que isto acontece? Acharão os líderes partidários que cada um de nós, é incapaz de decidir pela sua própria cabeça, e terá que ser guiado, como gado em manadas? Ou será que se levantarão interesses maiores que nós desconhecemos. Como alusão, o alarmismo que se faz constantemente a pandemias mundiais, como a gripe das aves, faz disparar lucros de empresas farmacêuticas controladas por políticos poderosos.
Tive e tenho dúvidas acerca do meu voto nesta questão. Por isso custa-me compreender, que jovens de 20 e poucos anos, com pouca experiência de vida, tenham as suas opiniões entranhadas de tal maneira que não há argumentos que os possam balançar. Mais, para fazer valer as suas opiniões, e quando nunca o fazem, conseguem dizer “deixemo-nos de ‘direitas’ e ‘esquerdas’para fundamentar questões de fundo”. Caro valete, gostava de acreditar que o que o move é a pena que sente por TODAS as mulheres, mesmo aquelas que querem que ganhe o “NÃO”, sim, porque deve haver ai uma ou outra que quer esse desfecho. E já que falou nas que conhecemos em casa, deixa-me aproveitar estas linhas para te dizer, que algumas que conheço sentem precisamente o contrário das que conheces. Lá está são opiniões, que não nos devem “revoltar e enojar”.
O meu voto neste referendo vai recair no “SIM”, por dois motivos: 1) entendo que a mulher não deve ser penalizada judicialmente por fazer um aborto; 2) evitar que as mulheres o façam sem segurança;
É isto que nos perguntam dia 11, e a isso respondo “SIM”. A questão das semanas, considero irrelevante, porque nunca irá existir consenso em relação ao tema, e porque como o rei, acho que a vida começa aquando da união dos gâmetas.
A Lei actual enumera, um conjunto de circunstâncias excepcionais em que o aborto não é punível:a) Constituir o único meio de remover perigo de morte ou de grave eirreversível lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica damulher grávida, caso em que a interrupção poderá ser praticada a todo o tempo; b) Se mostrar indicada para evitar perigo de morte ou de grave e duradouralesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida efor realizada nas primeiras 12 semanas de gravidez; c) Houver seguros motivos para prever que o nascituro virá a sofrer, deforma incurável, de doença grave ou malformação congénita, e for realizadanas primeiras 24 semanas de gravidez, excepcionando-se as situações de fetosinviáveis, caso em que a interrupção poderá ser praticada a todo o tempo; d) A gravidez tenha resultado de crime contra a liberdade eautodeterminação sexual e a interrupção for realizada nas primeiras 16semanas.As minhas dúvidas surgem-me precisamente quando leio a lei. Será que esta não é suficiente? Será que deve ser permitido o aborto a mulheres que engravidaram e que nãoquerem assumir a responsabilidade dos seus actos? Parece-me claro que vamos ter que lidar com este problema, pois foi o que aconteceu noutros países europeus.
Penso que o “NÃO” tem argumentos fortes, como:
- existir muita informação sobre sexualidade; os métodos contraceptivos serem gratuitos nos hospitais e centros de saúde, assim como as consultas de planeamento familiar;
- a mulher é dona do seu corpo, mas até que ponto será dona do SER que gera dentro de si, que não pediu para nascer e tem direito à vida;- até que ponto os hospitais vão ter capacidade de resposta para este problema, e será que uma das razões pela qual vou votar, proporcionar um aborto digno às mulheres, não se tornará uma ilusão, perpetuando-se os abortos clandestinos e tornando-se um negócio bastante lucrativo para as clínicas privadas.
Acho estes argumentos fortes, que no mínimo nos devem pôr a pensar no assunto, para não falarmos sobre um tema tão sério com leviandade, mas acima de tudo para dia 11 votarmos em consciência.


Um abraço, 4 de espadas!
A sombra que lhes fazemos...

Os adeptos do Benfica não resistem à sátira ao seu rival do Norte, quando são notícia pelas boas razões. Pertencer a uma elite dos clubes com mais receitas do mundo, é só por si motivo de regozijo. Porém, os benfiquistas não resistem a compararem-se com o FCP, talvez pela sombra a que foram votados durante tantos anos. Os recentes êxitos a nível interno e o prestígio internacional alcançado pelo FCP, ainda é motivo de inveja por parte de muitos benfiquistas.
O Benfica está a endireitar-se e a reformular-se depois de anos muito conturbados em que o clube esteve à beira da banca rota. Ver o Benfica renascido é um bom sinal para o futebol português e certamente estimulará a competitividade interna.

Gostaria de expressar aqui um último desejo em relação ao referendo do próximo Domingo. Independentemente das nossas intenções de voto, penso que todos deveriamos cumprir o nosso dever cívico. Julgo que uma fraca adesão às urnas poderá ferir de morte o instituto do referendo.
Como defensor acérrimo da democracia participativa, penso ser negativo que se acabem com as consultas populares em questões fracturantes.

Bisca de Copas
"Também lá chegaremos"
Comunicado do FCP


Após intensa e frutuosa reunião dos quadros-dirigentes do FCP, até altas horas da madrugada de dia 9 de Fevereiro de 2007, e na sequência da notícia que o Sport Lisboa e Benfica SAD SA estaria entre os 20 clubes com maior volume de receitas do MUNDO, foi deliberado que apesar do enorme deficit mensal da nossa sociedade, iremos redobrar esforços no sentido de um aumento exponencial das receitas do nosso clube. Para isso, e após um brain-storming de algumas horas foi decidido levar a cabo algumas medidas, das quais destacamos:

- A criação do FreePass Azul, com desconto na entrada em Teatros e Casas de Alterne da nossa cidade;
- Um acordo com uma Empresa de Telecomunicações no sentido de criar o "Serviço anti-escuta" entre sócios, ou seja, por uma verba adicional mensal, os sócios poderão falar entre si via telemóvel, sem o risco de verem as suas conversas escutadas;
- O Lançamento numa primeira fase do livro "Tu Carolina" onde o nosso presidente irá dar a sua versão dos factos , e numa fase posterior "Nós e Vós Carolina" com relatos da vivência entre elementos dos SD e de Carolina;
- A comercialização em CD do único hino azul até agora conhecido, o já afamado "FDP SLB", com uma versão inédita tocada em corneta;
- A Criação da "Barraca da Tripa" em sistema de franchising, com a implementação numa primeira fase de 1 dezena de locais de venda rápida de "tripas à moda do porto" e de "mini-francesinhas";
- Proceder à dispensa de todos os nossos 156 jogadores que se encontram emprestados a outros clubes, dispensa essa com efeitos imediatos;
- Fazer um pedido ao nosso GR suplente, e mentor táctico, para abdicar do seu contrato milionário, por troca com uma estátua localizada na entrada do Metro das Antas, que conterá um receptuário onde se poderão deixar donativos.

Por último, foi aprovado que no futuro, todas as comissões e pagamentos em transferências de jogadores, terão de ser documentadas no âmbito das contas do clube.

Com estas medidas de caracter urgente iremos aumentar as receitas do clube, e tentar levar o nosso clube ao mais alto patamar, se possível nacional.


Ás de Copas

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Sem certezas


A discussão no blog sobre a IVG por vontade da mulher não me consegue esclarecer, nem qq constitucionalista ou padre. Este assunto é muito delicado e ainda mais quando daqui a uns anos as sociedades modernas, isto é, aquelas que conseguirão aumentar a esperança de vida dos nossos velhos até quase aos cem anos, sem perceber bem os desafios pessoais e familiares subjacentes. Da mesma forma que neste momento discutimos se uma mulher tem o direito de abdicar da sua gravidez por diversas razões pessoais (trabalho, economico, etc), penso que daqui a uns anos estaremos a discutir a qualidade de vida dos nossos pais e avós e mais tarde nós que com o auxilio de medicina moderna conseguiremos viver ou sobreviver mais tempo. A questão do auxilio extremo à vida na medicina, matendo um paciente vivo, sem que este possua o minimo de qualidade de vida, terá a mesma sensibilidade e intensidade de argumentos que agora estamos a usar para a IVG. O problema da Eutanásia, tem muitas semelhanças com o problema do aborto. O problema ético é o mesmo : a partir do momento que um ser humano (10 semanas ou 96 anos, o direito aqui não manda nada - a partir do 1º dia de gravidez o ser humano existe - é do dominio da Biologia) coloca mais problemas do que soluções, o que é que devemos fazer ? Eu sei o que faria, mas não consigo decidir pelos outros. Neste momento o que me parece mais correcto e conhecendo a mentalidade portuguesa, penso que dando as melhores condições à mulher de escolher entre o aborto e a manutenção da gravidez, aconselhando e tentando ( no meu caso de sempre dissuadir a mulher nesse sentido) oferecendo o melhor aconselhamento possivel, penso que conseguiriamos melhor controlar e prevenir as causas da IVG. Votaria sim, mas obrigando o estado a uma verdadeira politica de planeamento familiar e sobretudo a uma verdadeira politica de incentivo à natalidade (fiscal e social). A partir do momento em que as instituições se ocupem bem deste problema, o aumento descontrolado da IVG deixar-me-ia um pouco desiludido e nesse caso aqueles que votaram não teriam talvez uma boa parte da razão- Mas espero que tudo corra pelo melhor, para não me arrepender de votar sim (não o farei, pois não vou estar em Portugal).
Já agora, uma questão engraçada: Sendo a extrema esquerda anti-liberal e anti-capitalista e sendo os maiores defensores do direito à IVG, como é que eles vêem a implantação de clinicas privadas de aborto em Portugal. Lembro que o objectivo de cada empresa de capitais privados é a maxima rentabilização do negócio, isto é, neste caso fazer o máximo de abortos possiveis por ano. Qual será a estratégia da empresa ? favorecer o adultério, o sexo entre os mais jovens, distribuir preservativos menos resistentes ? Obviamente estou a brincar, mas será que a realização da IVG não deveria estar a cargo somente de instituiçõe sem fins lucrativos ? pois já se sabe que o capital quer é gerar mais capital. É uma questão que me assaltou o espirito.


Rei de espadas

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Fugas

Foi bonito o discurso, (aquilo da lógica, dos argumentos enviesados, etc..) mas qualquer pessoa mais atenta apercebe-se que isso mais não foi do que uma fuga para a frente. Fiquei até constrangido ao ver um amigo tão incapaz de rebater argumentos. É que uma vez desmontados, rapidamente damo-nos conta de que o “rei vai nu”, pois todos eles caem pela base (casas de palha é o que dá…).
Eu pensava que não havia forma mais honesta de contra-argumentar do que pegar nos argumentos do arguente, um por um, e desmistifica-los. Tomara eu que fizessem isso comigo, aliás era o que esperava do Ás. Pelo contrário, ao invés de mostrar as fragilidades de que podiam padecer, preferiu contorná-los. Só fiquei ainda mais seguro da sua fortaleza.
Mas, e perante uma abébia que concedi, admitindo que pudesse ser outro o prazo (para mais ou para menos) sempre houve uma réplica (aqui já não houve argumentos enviesados…). Refiro-me obviamente à questão das semanas. Aceito que não é pacífico esse prazo, pois em rigor ninguém sabe quando começa a vida intra-uterina. Eu também não.
Quanto á questão derradeira que deixa, confesso que nunca me ocorreu. Creio até que só a ele (talvez a César das Neves também) ocorreu. É isso e a possibilidade de as mulheres usarem o aborto como método contraceptivo. Agora percebo o “Não”: Para eles as mulheres são atrasadas mentais capazes de tudo. E posto assim, percebo a opção deles - Realmente, será que merecem viver, ou pelo menos, sobreviver sem sequelas físicas e mentais, esses seres que fazem isso às criancinhas (como gostam de dizer)?
Antes de terminar, devo dizer que há coisa em que concordo com o “Não”. Também eu acho que a pergunta é enganosa. Eis a pergunta que se faria sem artificialismos jurídicos e hipocrisias de outra ordem: “Concorda com o aborto clandestino até aos nove meses e consequente prisão para as mulheres que o façam?” Nesta também votaria “Não”.

Duque de Espadas
Depois de ler o depoimento do duque, apesar de muita vontade em explicar-lhe novamente o que escrevi garantindo desta forma que recebeu a mensagem correctamemente, concluí que o problema não é da mensagem ter passado correctamente, mas sim, uma clara tentativa de deturpação da mensagem através de uma argumentação falaciosa. Por muita consideração que tenha pela pessoa em questão, com isso não compactuo e portanto não me vou perder no trabalho de explicar novamente.
Mas explico o meu ponto de vista quanto à argumentação falaciosa que usou, na expectativa que numa próxima oportunidade utilize argumentos pertencentes e não “por oposição a”.
Uma argumentação válida é toda a argumentação que, partindo de determinadas premissas (que todavia também podem ser questionadas), constrói sobre elas uma estrutura dedutiva encadeada que permite chegar a uma ou mais conclusões sem que sejam cometidos erros lógicos. O erro lógico é cometido sempre que se viola uma ou mais regras de lógica, como por exemplo, quando se toma uma implicação (válida apenas num sentido) como sendo uma equivalência (válida nos dois sentidos). E é isso que o duque procura fazer constantemente. Para além disso, em vez de argumentar com razões fundamentadas e com sequência lógica, utiliza os argumentos dos outros para contra-argumentar, enviesando-os, não arriscando utilizar fundamentos próprios que possam aclarar o debate.

Ainda para manter o debate aceso, e sobre o ponto 2, pergunto ao Duque:
IVG até às 10 semanas, a pedido da mulher, seja por que razão for. É isto que está previsto e que permite à mulher tudo, desde que seja até às dez semanas. Já te ocorreu, por exemplo, uma mulher poder abortar se já souber o sexo do filho e não estiver interessada. Se calhar alguns apoiantes do “sim” também querem permitir isso, admito. E se for por não ter olhos azuis? Ou por “vingança” depois de um arrufo com o outro progenitor? Sim porque há 2 progenitores, mas só 1 terá a possibilidade de decidir!

Quando se permite tudo, as possibilidades são ilimitadas.

Abraço

Às de Ouros
Pluralidade

Tenho-me até aqui mantido afastado de uma questão sensível e sobre a qual não existem consensos : a despenalização da interrupção voluntária da gravidez.

Em 1998, data do último referendo, sentia-se que havia uma vontade no país: a de despenalizar. Fruto da maior abstenção de sempre (até à data e não tenho informação se foi entretanto ultrapassada) o ‘Não’ venceu – até mesmo depois daquele que era a sua maior bandeira vir a publico reconhecer a derrota (Marcelo Rebelo de Sousa). Tenho medo que desta feita o desfecho seja o mesmo. Não por mim mas por TODAS as mulheres. TODAS! Mesmo as que nós conhecemos de casa e se chocam com a forma como as suas pares são desrespeitadas e como o assunto é tratado – temas como o ‘aborto contraceptivo’ ou que o ‘dinheiro dos nossos impostos vai para abortos’ ou mesmo que estamos a votar no ‘sim ao aborto’, não só me revoltam como enojam.

Vamos todos, de uma vez, pensar no que dizemos e deixarmo-nos de ‘direitas’ e ‘esquerdas’para fundamentar questões de fundo e de respeito pelo próximo.

Deixo aqui o meu sentimento de pena por não votar no referendo. Ficarei com um sentimento de culpa e dor por sentir que não ajudei numa causa tão nobre. Mas estou confiante que o filme será diferente e que se muita gente votar o ‘Sim’ ganhará!!
Senão, se não houvesse uma vontade generalizada do país de resolver esta vergonha de uma vez por todas, porque se faria um segundo referendo?

Abraços,

Valete de Copas

terça-feira, fevereiro 06, 2007

O “Guarda-Nocturno” das consciências

O Ás ouviu “bruás” nos fantoches (o adjectivo é dele) do “SIM”. Eu também ouvi nos do “Não”, assim como um tom paternalista no mínimo evitável. Esses meninos e meninas, a julgar pelas gravatas e vestidos de marca que vestiam nunca tiveram de abortar num vão de escada, ou sozinhas ingerindo comprimidos. Foram a Badajoz, a Londres ou ao Porto, à Clínica do Dr. Dantas. É isto que querem manter.
Definitivamente, creio que o Ás não percebeu o que Vital Moreira afirmou. Senão não afirmava que não estão ainda definidas as condições de acompanhamento à mulher. Não estão nem podiam estar pois isso não é referendável. Se o “SIM” vencer, regulamentar-se-á a lei, definindo-se essas mesmas condições. Não vale a pena acenar com esse “bicho-papão” pois é a nossa Constituição que não nos permite incluir isso na pergunta a referendar. Isso vem depois.
É evidente que o Prof. Vital Moreira deu uma lição de direito a Aguiar-Branco que creio ainda hoje não ter percebido a diferença entre despenalizar e liberalizar (que tão bem o Prof explicou), entre feto e criança, entre aborto e homicídio. Quanto a Marcelo Rebelo de Sousa, um administrativista (não constitucionalista) e Jorge Miranda (esse sim um constitucionalista) em nada beliscam a opinião de Vital Moreira. Se, quanto a Marcelo, parece-me que anda ao sabor dos ventos políticos, e nunca percebi a sua opinião técnico-jurídica do problema, já o prof. Jorge Miranda o que diz é que esta alteração da lei é inconstitucional pois esta consagra a inviolabilidade da vida humana. Perdoe-me o prof. se o interpretei mal, mas o que me parece é que a actual lei já viola a constituição com base nesse mesmo argumento - não há vida humana num deficiente ou num filho nascido duma violação? Logo, altere-se a CRP se for caso disso.
De seguida, argumentarei o porquê de discordar de todos os argumentos do Ás, que, todavia, julgo bem intencionados:
1- O aborto como contraceptivo? Como pode alguém dizer uma coisa destas? Vamos aos números - Como sabe ele que antes de se ter despenalizado o aborto não se realizavam mais abortos ainda? O Eurostat tem dados do aborto clandestino? Certa vez disseram-me que a estatística era a arte de deturpar os números. A partir de hoje não tenho dúvidas.
2- O pai ter opinião. Esta ainda é mais estranha. Pode ter abandonado a mulher, pode não querer saber do filho, mas se o pai demandar, então ela qual serva aos mandos do seu amo, tem que ter o filho (mesmo que depois ele não o veja uma única vez!). A escravatura acabou.
3- O critério das 10, 8, 11 semanas não vou questionar. Não sou médico e tinha que se escolher uma data.
4- A mulher não decide não abortar por causa desta lei que as criminaliza. Vai é abortar na clandestinidade, naquele que é o verdadeiro aborto livre, pois é totalmente solitário e sem aconselhamento. Para além disso, e por isso afirmo que o Ás não ouviu Vital Moreira, será justo que os defensores do “Não” queiram impor uma consciência ética aos outros, beneficiando para isso da ajuda da máquina repressora do Estado? Ela não se impõe por si mesma?
5- A defesa dos mais fracos. Só aceito este argumento vindo daqueles que discordam da actual lei. Existirão seres mais vulneráveis que os deficientes? Porque podem esses estar desprotegidos?
De facto, não há igualdade de direitos entre a mãe e o feto. Nem podia haver, senão estávamos aqui a falar de homicídio ou infanticídio e não de aborto, puníamos a tentativa, etc…
6 e 7- A morte não é solução para nada; Os políticos deviam criar politicas que levassem as mulheres a não ter de abortar; Primeiro ponto, o “Não” não resolve o problema das mortes. Segundo ponto, o “Sim” não impede, pelo contrário facilita a criação dessas mesmas politicas, pois as pessoas passarão a dar a cara e a revelar as razões que as levam a abortar. Com a actual lei, continuamos a conjecturar acerca dos motivos…
Por ultimo, continuo a achar que não vivo no mesmo mundo do Ás. É que no mundo dele, as mulheres morrem por causa do aborto (como reconheceu) mas os fetos (não crianças) não! No meu, morrem ambos.
Deixo uma pérola para reflectirmos, dos dois maiores penalistas portugueses, Jorge Figueiredo Dias e Manuel da Costa Andrade, acerca da actual lei:
“Para além de funcionar como “guarda-nocturno” da consciência de alguns, acaba por redundar num indesejável desserviço aos valores fundamentais da própria vida humana”.

Duque de Espadas

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Aborto

Começou na semana passda a campanha sobre o referendo ao aborto e pelo que tive oportunidade de ver segunda-feira no programa Prós e Contras esta matéria está longe de ser consensual e muito mais ainda, longe de encontrar a verdade absoluta num dos lados. O programa em si teve - como de resto tem tido noutras matérias - um papel importante para aclarar as posições de ambos os lados e ajudar os portugueses a decidir sobre um assunto tão polémico quanto este. Ficou, no entanto, marcado com algumas demonstrações temperamentais dos jovens instrumentalizados que fazem campanha pelo “sim” que de uma forma reaccionária sempre que alguém do “não” tinha uma posição mais radical ou usava argumentos que se podem considerar mais polémicos (lembro-me do caso do Fernando Santos) os jovens fantoches lançavam um “bruuaa” na sala e até mesmo assobios. Não vi esse comportamento do lado do “não”, mas condenaria veementemente se assim tivesse acontecido. Aliás, encontro paralelo do lado do “não” na utilização da igreja como instrumento de propaganda o que censuro radicalmente.
Sobre o conteúdo do programa, dos 4 convidados em palco, só 2 merecem a minha análise, Vital Moreira e Aguiar Branco, pois só eles contribuíram com argumentos relevantes para aclarar a opinião das portugueses. Concordo com o Duque quando refere que Vital Moreira é um orador de grande craveira, com um discurso lúcido e a sua opinião como jurista deu-me a conhecer mais alguns dados pertinentes, nomeadamente a questão de não estarem ainda definidas regras sobre as condições de acompanhamento à mulher e como será realizado o aborto, caso o “sim” vença. É importante reflectir sobre isto.
No que toca ao discurso de Aguiar Branco, julgo que em alguns momentos a sua vertente de político o tenha impedido de enfrentar as questões, procurando-se refugiar no discurso politicamente correcto. Não obstante, não poderia deixar passar em claro a postada do Duque relativa à lição de Direito que supostamente o Prof. Vital Moreira deu a Aguiar Branco. Não tendo conhecimento para refutar a análise do Prof., é importante lembrar que 2 outros grandes constitucionalistas, Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge Miranda, não comungam da opinião técnico-jurídica sobre o actual enquadramento penal da lei do aborto feita por Vital Moreira.

Posto isto, gostaria de uma forma clara apresentar os meus argumentos para votar “não”, fazendo um repto ao meus amigos para apresentarem os seus argumentos de uma forma construtiva, pois dessa forma estaremos todos a contribuir para votar de forma informada e consciente.

1 – A liberalização do aborto irá ser utilizada como método contraceptivo. Os números não enganam: Desde que foi liberalizado o aborto em Espanha, segundo dados do Eurostat são realizados diariamente 240 abortos. Segundo a mesma fonte em 2005 houve 198000 abortos no Reino Unido. Lembro que o Reino Unido permite o aborto até às 12 semanas e actualmente pondera a hipótese de diminuir para 10 semanas, precisamente para evitar algarismos como este.
2- Segundo a pergunta a referendo, basta a vontade da mulher para que possa fazer aborto. Pergunto se o pai também não terá uma palavra a dizer sobre a decisão de abortar? Deverão ser terceiros (aqueles que votam “sim” e se manifestam a favor da autodeterminação independentemente do género) a restringir o papel e vontade do pai?
3- Porquê referendar as 10 semanas e não alargar ou diminuir o prazo? Está cientificamente que às 8 semanas um feto já tem, por exemplo, batimento cardíaco! Qual o critério que levou à decisão de colocar 10 semanas?
4- Para aqueles que dizem que a actual lei é uma lei morta, lembro que todos os dias esta lei tem efeito real quando qualquer mulher confrontando-se com a hipótese de acabar com a vida do feto, mas tendo conhecimento que é crime, pondera a sua apreciação e decide não abortar.
5- Sempre fui um acérrimo defensor dos mais fracos. No caso do “sim” vencer é claro que o elo mais fraco é o feto. Portanto, a actual lei garante precisamente alguma igualdade de direitos entre a mãe e o filho (a vida que está a ser formada), quando colocada a hipótese de abortar.
6 – A morte nunca foi nem será solução nem resposta a nada. Se uma mulher decide abortar porque julga não ter condições para criar condignamente uma criança, então vamos procurar resolver o problema a montante. Alguns dos nossos políticos preferem precisamente a solução que menos ónus lhes confere. Não tendo vontade de resolverem estes dramas sociais, põem o assunto a referendo e esperam que o povo decida a favor deles.
7 – O aborto não se combate legalizando, mas sim criando verdadeiras alternativas solidárias, como uma educação sexual esclarecida, um planeamento familiar acompanhado e uma aposta decidida na prevenção.

Para além das considerações acima expostas, pergunto como é possível que a classe política encerre urgências e maternidades por um critério exclusivamente economicista e se proponha agora criar condições para os hospitais e centros de saúde fazerem abortos? Fará isto sentido?
Como é possível que os defensores do “sim” usem como argumento que há mulheres a morrer devido aos abortos clandestinos e não se perguntem quantas crianças morrem precisamente por causa da prática de abortos? Será que a sua vida tem menos valor?
A vida que se forma e a autodeterminação da mulher, leia-se vontade para decidir o que fazer com o seu corpo, são ambas expressões com o mesmo valor? Parece-me que não! Parece-me que a vida tem mais valor!
No dia do referendo vou dizer NÃO por uma questão de coerência, solidariedade e de justiça!

Ás de Ouros

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Um PIN por favor

"O alerta é do grupo Portucel Soporcel, que, face aos números do inventário florestal nacional - que será divulgado na próxima semana -, prevê que a oferta interna se fique pelos 52 por cento das necessidades actuais e 45 por cento das futuras. Resta a importação, mais cara e que oferece menos qualidade. Por isso, pede mais investimento para o eucalipto." in Publico online 02/02/07,

Nas minhas leituras matinais em que O Publico continua uma referencia, choquei de caras com esta deliciosa noticia que para muitos parece ser uma questão sem importancia, mas para mim reflecte o que de pior existe na nossa "alta" industria. Os pobres coitados da industria de celuloses estão com falta de matéria prima, isto é, de EUCALIPTOS, nem mais. Todos sabem que o Eucalitpo é das maiores pragas que invadiram a nossa floresta (em nome de uma industria mais produtiva, claro) e que ao mesmo tempo arrasaram os nossos solos e contribuiram para a degradação do patrimonio florestal e consequentemente um aumento de incendios de cariz mercantil (não são só os bombeiros os pirómanos). Aqui o problema é mais grave, é como se um bébé chorasse pelo seio de uma mãe. E a mãe, o nosso respeitavel estado (todos nós, isto é), irá não só baloiçar o menino como dar-lhe de mamar, obviamente, o instinto materno é tudo. Tenho a certeza que os nossos fantasticos governantes serão as melhores mães do mundo do bébé chamado celulose. Aposto na onda dos famosos PIN's (projectos de interesse nacional?) que vão dar não só uma mama mas as duas ao mesmo tempo. Pois, todo o nosso objectivo é unico, manter a competitividade das nossas industrias a todo o custo, mesmo sacrificando todos os recursos que o País ainda, repito ainda, tem. Será que esses fantasticos empresarios não percebem que os tempos mudam e que a exploração de antes é completamente inviavel. O papel não tem os dias contados, pois a reciclagem ainda é para mim uma excelente hipotese, mas a forma como é gerido actualmente não tem futuro, só se transformarmos o país num Eucaliptal. Aí sim, que orgulho teremos na nossa super industria do papel. Ficaremos conhecidos como o pais dos campos de golfe, empreendimentos arabicos em cima das praias e dos Eucaliptos. Não obrigado.


Rei de espadas