terça-feira, fevereiro 14, 2006

And the Oscar goes to...


Ao ler a última crónica fiquei arrebatado e penso estar ali em bruto, um Oscar para o melhor argumento original adaptado do que se passou aquando da revolução. Senão, o guionista reafirma-nos que foi a esquerda que lutou pela revolução e pelos valores de Abril, varrendo do filme actores como Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Mota Amaral (Ala Liberal), ou mesmo Sousa Franco, todos eles com decisivo papel nessa época, ou ainda o ex primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo, dos governos provisórios pós 25 de Abril. Cá estão alguns nomes, entre muitos outros, que não devem constar no elenco. Presumo que este remake de Abril, imaginado na cabeça do autor, remeta o ónus da revolução, para senhores que nem no país estavam quando ela se deu. Pontos de vista… Uma discordância pessoal: o 25 de Abril deu-se, porque o povo português quis! E do povo fazem parte pessoas de todas as convicções politicas. Ou o autor acha que as pessoas que fizeram a revolução, estavam com o punho fechado e de rosinha na mão?
Restam-me algumas dúvidas, sobre como vai o autor desenvolver o filme. Por exemplo, como abordará o verão quente de 75. Aquele em que a esquerda e a direita portuguesa se aliaram tacitamente, para que Portugal não se tornasse numa outra Cuba. Talvez, se faça de Sá Carneiro ou Ramalho Eanes figurantes, e se exulte a participação de Soares. Parece que já estou a vê-lo com um fato azul, capa vermelha e um S de Soares ao peito. E como vai explicar, o nosso Spielberg, às pessoas, que depois de uma ditadura terrível de direita, nas segundas eleições livres em Portugal, o governo eleito foi do PSD e com maioria absoluta. Como vai explicar que, todas aquelas pessoas, oprimidas sem direito sequer a exprimir opinião, passados uns anos tirassem do poder o Super Soares e lá pusessem, outro, que nada tinha feito para os salvar. Parece-me injusto. Afinal “a liberdade em Portugal deve-se à esquerda” e mais nada! Está argumentado e a acreditar no poder de imaginação do autor vai ser realizado!
Contudo, o nosso autor dá uns rebuçados à direita, e acha que esta deve ter legitimidade para falar em liberdade de expressão (anteriormente não me expressei correctamente). Ora, nada mal, deve-se liberalizar as drogas leves, o casamento e adopção gay e deixar falar, a direita que envergonha o todo, em liberdade de expressão, porque assim, mesmo conotando-a negativamente, não se a marginaliza! Medidas, todas elas arriscadas e radicais, mas que para bem do desenvolvimento devem ser adoptadas.
Como ainda não foi entendida a frase “posição de esquerda, pela voz de Freitas do Amaral, passo a explicar, que se tratou de uma piada, à escolha de Freitas do Amaral para ministro, de um governo PS de maioria absoluta. Aliei este facto, às suas declarações que considero ridículas. Note-se, que conheço razoavelmente as origens políticas de Freitas do Amaral, as suas lutas com o PS de Soares, ou mesmo a fundação do partido político português mais à direita. E por isso acho alguma piada ao cargo que ocupa e nas circunstâncias que o faz.


Abraço, quatro de espadas!

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