Comentário
A postada abaixo indica, ou remete, para duas questões sensíveis, sobre as quais pretendo opinar separadamente: a questão dos benefícios fiscais enquanto forma de financiamento do estado e uma outra, mais pertinente, a ideia de que as empresas produtoras de pasta de papel estão directamente relacionadas com os incêndios ocorridos em Portugal.
Quanto à primeira, e utilizando o exemplo trazido à baila, vou tentar detalhar aquilo que percebi da notícia: há um investimento da Portucel Soporcel numa nova unidade fabril e uma nova estrutura de máquinas. O estado estima um apoio da API, através de incentivos fiscais e financiamento, de cerca de 175milhoes de euros, say 20% do investimento total. Portanto o que assistimos é a um Investimento da Portucel apoiado pelo estado. A única questão que não foi destacada nos meios que consultei, foi a divisão entre o que são benefícios fiscais, e a sua natureza, e o que é financiamento propriamente dito. Porque não deverão ser entendidos como tendo a mesma natureza, uma vez que os benefícios fiscais não têm associado fluxo financeiro. Mas sobre isso não me posso pronunciar. Quanto à natureza do investimento acho que a sua avaliação foi feita por quem se atravessa no meio disto tudo, que em cerca de 80%, é a própria Portucel Soporcel (e os outros 20% não podemos dizer que somos todos nós porque um benefício fiscal a uma empresa que terá maior controlo por parte do fisco não representará um financiamento puro).
Em relação à ideia que fica sobre as empresas produtoras de pasta de papel como responsáveis pelos incêndios no país, deixem-me só referir a existência da Celpa (ACE – Agrupamento Complementar de Empresas - formado pela Celbi, Caima e Portucel Soporcel – as maiores produtoras nacionais de pasta de papel), que serve exactamente para prevenir incêndios. A Celpa foi responsável pela vinda a Portugal de alguns dos maiores especialistas mundias no que toca a prevenção de incêndios, vindos do Peru, que foram ainda no verão passado utilizados para dar formação aos Bombeiros portugueses. Apenas cerca de 2% dos terrenos geridos pela Celpa foram atacados pelos incêndios. Note-se que as empresas de pasta do papel são das maiores prejudicadas (economicamente) pelos incêndios.
Agora contra as mãos criminosas dos portugueses é que não há esforço que valha…
Abraço,
Valete de Copas
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