sexta-feira, janeiro 27, 2006

O crime do Padre Louçã

Não, não sou nenhum Eça, nem há nenhuma Amélia (ou melhor, Soraia) nesta estória. Como figura principal deste romance temos um politico, que segundo certos cronistas e comentadores, tem tiques de padre e de moralista.
Se me é permitido discordar (é preciso ser-se educado para questionar o "status quo"), não compreendo como alguém que faz a apologia de crimes como a despenalização do aborto ou a liberalização das drogas leves pode ser conotado com o clero. Sequer entendo como lhe podem denominar "moralista". Pelo menos, nunca na dimensão judaico-cristã. Mais de acordo estaria se lhe epitetassem de "profeta do crime", "gangster", mas... moralista?
Depois acusam-no de ser Trotskista. Isto sim, é um verdadeiro atentado à inteligência de todos. Ninguém sabe bem o que isso quer dizer, mas sabemos que não gostamos. É que soa a qualquer coisa de mau... Talvez ali entre o Estalinismo e o Leninismo, que é coisa para Russos, povo atrasado, nunca para nós, personagens do primeiro mundo.
Por último, tem a ousadia de ter ideias e até de as expôr! Que dislate. E por muito que nos custe que ele tenha vencido o debate (até estes comentadores o reconheceram) com o sr Presidente da Republica, e demonstrado estar melhor preparado no terreno de eleição do PR, a Economia, para os comentadores, há-de ser sempre um falso, um hipócrita, que se tivesse oportunidade para governar seria igual aos outros (o que poderia dizer muito dos "outros").
Feitas as contas, o grande crime do padre Louçã (que por mero acaso é Doutorado em Economia e Professor Universitário) é ter coragem, ideias (boas ou más) e estar à margem dos lobbyes, tendo renunciado à militância num "grande" partido (o que lhe daria outro estatuto) e vindo constantemente a denunciar os escândalos dos Governos (de todos), que todos comentamos à boca pequena, mas aos quais apenas um se refere na Assembleia da Republica.
Porque todos os partidos tem os seus Pina Mouras, Dias Loureiros e Nobre Guedes. Por isso, para não matar a "galinha dos ovos de ouro", cala-se o critico. Por todos os meios.
É assim a vida num País onde se julgam intenções.

Duque de Espadas

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