quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Nem mais um centimo de Bruxelas:

Li hoje de manhã no site do expresso o artigo que relata o investimento realizado pela Portucel e que vai ter incentivos da API na ordem dos 20%. Quanto à natureza do investimento não tenho comentários, parece-me um bom investimento (aumento do nivel tecnologico e aumento de produção), quanto às escolhas da API em relação aos projectos a financiar já estarei um pouco reluctante. Desde já a produção de pasta de papel não me parece um projecto que mereça um apoio tão significativo, desde já, resulta de um processo de eucaliptização do país (na origem do desordenamento do parque florestal, empobrecimento do solo e consequente diminuição da retenção de àgua) que jogou e joga um importante papel nos recentes incendios florestais (obviamente de origem criminosa). A catastrofica "politica florestal" do nosso país é um dos sinais de submissão aos poderes da industria do papel e também da má gestão dos planos de ordenamento do território (desde a fácil desclassificação de zonas RAN-reserva agricola nacional ao corruptivel PDM tão querido das autarquias- joguete na mão de autarcas famintos de betão para financiar campanhas, arbitros de futebol e afins).
O incentivo em relação ao melhoramento das técnicas de reciclagem do papel, à utilização do papel usado em diversos processos como a compactação com vista a fabricação de cubos para caldeiras de aquecimento, ou placas de isolamento termico, etc... parece-me muito mais pertinente do que o simples financiamento do aumento de capacidade de produção industrial.
Sugestão de um leigo em assuntos económicos: não seria mais interessante aumentar os incentivos fiscais já existentes às empresas que reinvistam os seus lucros quer na criação de novas tecnologias, ou no desenvolvimento de novos processos de produção ou no melhoramento da capacidade de produção. Não seria mais justo compensar todos aqueles que desenvolvem uma politica eficaz para a sua empresa do que simplesmente financiar de forma avulsa alguns projectos que por vezes se revelam em contradição com um desenvolvimento integrado e sustentavel. Aos 175 milhões de € investidos pela API deverá juntar-se os custos da àrea ardida nos próximos anos derivado dessa politica de "uma no cravo outra na ferradura". E quando vierem chorar a Bruxelas dizendo que o pais está a arder o que que mereciamos é que nos fizessem o manguito e cortassem de vez com esses incentivos que só servem a desresponsabilizar as politicas irracionais desenvolvidas nos ultimos anos.
Bom dia
Rei de Espadas

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