Pessoas, como Nós
Numa altura em que a Câmara de Lisboa se prepara para avançar para as salas de injecção assistida, vulgo “salas de chuto”, penso que está na altura de comentar esta medida.
Começaria por referir que isto destina-se apenas aos toxicodependentes nos estados mais degradantes, e visa possibilitar alguma humanidade a quem é tão marginalizado.
Tem como vantagens óbvias, a diminuição de certa criminalidade e violência associada ao tráfico de droga. Com a metadona a ser oferecida, não há razão para roubar.
Por outro lado, as condições de higiene e segurança em que este processo se fará, trará evidentes vantagens no tratamento e prevenção de certas doenças, sobretudo as infecto-contagiosas como o HIV.
Acredito que numa análise mais emocional, pareça algo chocante que seja o Estado (ou a Câmara) a permitir e a criar condições para que se proceda a esse mal, que é o consumo de droga. Todavia, o que nos devemos questionar é se queremos que isso suceda no meio da rua, à vista de todos e possivelmente com agulhas infectadas ou se preferimos prevenir e trazer estes “doentes” para junto de nós, possibilitando que eles se injectem com mais segurança e humanidade, mas mais do que isso, favorecendo o tratamento.
Podemos também dizer que estas pessoas não são nenhumas vítimas pois em pleno século XXI ninguém fica dependente de drogas se não quiser, visto que há suficiente informação acerca dos malefícios das drogas. Isto até pode ter uma boa dose de verdade, mas o facto é que vitimas ou não, estas pessoas existem, e antes do mais não nos podemos esquecer disso mesmo, aqueles “farrapos humanos” que todos nós já vimos por estas urbes a deambular, são pessoas como nós.
Por isso, eu aplaudo a coragem da Câmara de Lisboa, que numa medida inovadora, ousou fazer face a esse flagelo, duma forma pouco ortodoxa, mas realista e humana. Espero que Lisboa tenha sido a precursora de uma medida que venha a ser adoptada por esse País fora.
Duque de Espadas
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