quinta-feira, maio 11, 2006
















Encerramento das maternidades


As últimas semanas têm sido férteis em notícias acerca do encerramento de maternidades de norte a sul do país. Muitas destas notícias são contraditórias entre si.
A polémica que se tem gerado contempla dois pólos opostos e inconciliáveis. De um lado temos o Governo e o seu Ministro da Saúde, do outro encontramos os médicos obstetras, os cidadãos e os municípios afectados.
Em meu entender o Governo deverá explicar cabalmente e com rigor quais são os critérios para o encerramento das maternidades. Se estes se reportam a questões de racionalidade económica; ao número reduzido de partos; à elevada taxa de mortalidade das parturientes; ao precário equipamento das maternidades em causa; ou à falta de técnicos qualificados para a realização do parto.
Esta é uma questão bastante sensível e as decisões que se tomarem hoje produzirão efeitos por muitos anos, logo devem ser muito bem ponderadas e rigorosas.
Todas as mães gostariam de poder dar à luz no conforto das suas casas, contudo esta prática foi proibida por lei. Perante esta impossibilidade, elas prefeririam que os seus filhos nascessem numa maternidade perto das suas casas. É legítima esta posição por parte das mães.
Assim sendo, torna-se necessário explicar às mães e aos cidadãos, que é no interesse destes que irão ser encerradas as maternidades com menos condições físicas e técnicas para a normal realização dos partos.

Portugal não é um país rico onde abundam os recursos económicos, todavia entendo que o critério da racionalidade económica não deve ser decisivo para o encerramento das maternidades. Ao Governo não basta dizer que é contra a desertificação e assimetria do interior do país, também é preciso dar condições dignas às pessoas para estas permanecerem nessas regiões. As pessoas de Elvas têm tanta legitimidade a possuir uma maternidade bem equipada como as que habitam na capital!

O critério da mortalidade das parturientes também poderá dar azo a deturpações. Segundo um relatório que veio hoje a público, as taxas de mortalidade são mais elevada nas maternidades do Hospital de São João e do Hostipal de São José. Sendo estes dois hospitais centrais, os números de partos são dos mais elevados a nível do país, logo é natural que tenham as taxas de mortalidade mais elvadas.

As mães mais abastadas pensam que esta polémica não lhes diz respeito, pois estas têm os seus filhos no conforto dos hospitais e clínicas privadas. O que elas não sabem é que quando o parto corre mal, têm de ser transferidas para um hospital público, pois nos privados não existe UCI ou neonatologia.

Bisca de Copas

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