terça-feira, maio 16, 2006

Louco ou Génio?

Confesso que poucas pessoas me provocam sentimentos tão contraditórios como Scolari. Se, no geral, estou de acordo com as criticas atrás efectuadas pelas outras cartas – não tanto com a questão Pedro Emanuel – maxime, o caso Costinha que nada, nem ninguém, consegue explicar, permanece-me a dúvida se terá Scolari escolhido um rumo, do qual não pretende abdicar, numa salutar obstinação, ou se se terá perdido a meio da caminhada e agora não se consegue encontrar.
De facto, não se me afigura muito lógico que fiquem de fora jogadores em grande forma como Quaresma ou Moutinho e mesmo outros com campeonatos razoáveis como Tonel, Paulo Santos, João Tomás ou Manuel Fernandes. No entanto, se nos recordarmos da estória brasileira de há quatro anos, tal também sucedeu. Romário, em grande forma e com uma nação (presidente incluído) apelante à sua convocatória foi renegado pelo sargentão. E a verdade é que foram campeões. Claro que podemos sempre especular que o Brasil tem um lote de jogadores único no Mundo (o que é inteiramente verdade) e que qualquer treinador da selecção se arrisca a ser campeão. Todavia, nem todos os foram, nem sequer a maioria (lembro apenas a mítica selecção de 82 que se quedou pelos quartos de final).
Por isso, espero para ver. Na verdade, poucos treinadores (mais a mais nas selecções, onde o contacto é quase ocasional) conseguem uma afinidade tão grande com os jogadores como Scolari. Vê-se que eles sentem ter um líder, que os defende e ao qual também estão dispostos a defender. E não me refiro aos proscritos como Costinha, Nuno Valente ou Ricardo. Posso, entre outros, citar os casos de Roberto Carlos, Ronaldo, Cristiano Ronaldo.
Comecei por afirmar que concordo de uma maneira geral com as críticas efectuadas, mas registo que estas não foram tão contundentes com António Oliveira quando este resolveu num assomo de loucura e amiguismo convocar à ultima hora Vítor Baia (vindo de uma prolongada lesão- e foi o que se viu!) e o pré-reformado Paulo Sousa.
Quando ouço falar de que, agora, feita a convocatória como Scolari bem quis, temos que ser campeões, questiono-me se terei uma ideia errada acerca do palmarés da selecção e até dos nossos jogadores (tanto os que vão como os que ficam). Mas… alguma vez fomos campeões do Mundo? Relembro os mais distraídos que este é o quarto mundial em que estamos presentes e com excepção de Inglaterra 66 em que tínhamos Eusébio, nunca passamos a fase de grupos…
Em suma, creio que o Mundial servirá para tirar ilações acerca de métodos de liderança, de gestão de grupo, de seleccionar jogadores. Até que termine, dou o benefício da dúvida ao seleccionador. Se passarmos a fase de grupos será normal, qualquer fase mais à frente será óptima e chegarmos à final um enorme sonho. Por isso, a selecção, seja ela do Oliveira, do Scolari ou do Madail, será sempre também a minha!

Duque de Espadas

1 comentário:

Anónimo disse...

Parece-me inquestionável que esta é a selecção de Scolari e não a selecção nacional.Desde a teimosa - e errada - opção em ter abdicado do melhor guarda-redes a actuar na Europa no ano 2004, o rumo ficou traçado.
Reconheço-lhe, porém, o mérito de se servir de uma plêiade de jogadores conciliáveis com o seu sistema táctico, pacto de balneário, liderança e confiança.
A meu modesto ver, o Euro 2004 não serviu para aquilatar os méritos das escolhas para a prova. Sendo disputada no país organizador, muitos elementos favoráveis foram sucedendo. Em 2000 a selecção nacional, sim, a selecção nacional, batera equipas como Inglaterra, Alemanha, Roménia, Turquia e só perdera as meias finais para a toda poderosa e em grande evidência França. Não podemos por isso olvidar os méritos da perspicácia de Humberto Coelho, cujo afastamento da selecção ainda hoje não tem contornos devidamente esclarecidos.
No final da competição máxima de futebol retirarei as ilações, sendo que para o bem ou mal haverá sempre responsáveis.

P.S - Só para concluir que assisti há pouco mais de oito dias à magnífica exibição do Paços de Ferreira frente ao ex-campeão nacional.
Um ecoante 3-1 fez-me explodir de alegria no final do jogo, enquanto me senti grande, muito grande, ainda que situado num topo norte pejado de adeptos vermelhos bem como alguns pacences de pano vermelho em volta do pescoço.
Numa bela tarde de futebol à antiga, ainda retenho os pormenores técnicos do Júnior e as dificuldades de Moretto. Tudo mesmo à minha frente.
E Famalicão e Tirsense? Que é feito deles?
Um abraço!