segunda-feira, dezembro 11, 2006

Eu, Pinto da Costa II

Mas que grande confusão aí vai… tanto quanto sei, o Papa é uma figura pública, presidente de um clube de futebol. Que me digam que não é certo humilha-lo publicamente com os pormenores mais penosos de uma relação íntima, até concordo. Embora eu, pecador, me confesso: Dá-me um gozo terrível… Mas isso é a minha má essência de não conter a satisfação de ver uma pessoa odiosa a ser enxovalhada. Todavia, e ao contrário do que tentou fazer parecer a Bisca, esse é o menor dos embaraços que este livro pode trazer ao Padrinho…
É que – e daí é que nasce o evidente interesse público deste livro – nele são feitas (ou pela milionésima vez confirmadas) acusações gravíssimas de crimes de corrupção desportiva, tráfico de influências, evasão fiscal, violação do segredo de justiça, ofensa à integridade física, perjúrio e fuga à justiça. Dito por alguém que viveu com ele. E honestamente, estou-me nas tintas para as motivações da autora. O que releva são os factos, e esses são devastadores.
Aliás, e se dúvidas subsistissem, o interesse público do livro ficou cabalmente demonstrado pela circunstância da magistrada do MP, Cândida Almeida, já ter afirmado que iria utilizar o livro para as investigações do “Apito Dourado”.
Enfim… não vale a pena fazermo-nos de virgens enganadas, nem sermos mais papistas do que o Papa (que metáforas tão apropriadas). Isto não tem nada a ver com voyeurismo, mas sim com crimes gravíssimos e com o estado do futebol português. É por isto, e não pelas razões da Bisca, que às vezes sinto vergonha e nojo de viver num país como o nosso (tanta impunidade!). Eis porque vou comprar o livro.
Deixo só duas pérolas, a primeira é transcrita do livro, a segunda uma consequência directa:
“O Jorge Nuno nunca falou com um árbitro pelo telefone, nem precisava, eles iam lá a casa” – Carolina Salgado.
“Já prestei declarações no Tribunal sobre esse caso e justifiquei o que fui fazer a casa de Pinto da Costa. Tratou-se de um assunto pessoal. Estive uma hora a tomar café, mas não foi provado nada por falta de provas.” - Augusto Duarte, árbitro no activo, numa reacção ao livro de Carolina Salgado. Eis a perversão máxima da justiça – ninguém quer saber se é verdade ou não, nem os acusados se defendem alegando a mentira. Tudo se resume à existência ou não de provas. Bravo, Augusto!

Duque de Espadas

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