quinta-feira, junho 22, 2006

Lei do menor esforço

Nada tenho contra a táctica, o futebol cerebral ou coisa que o valha. O que me revolta é que sobre o manto disso se pratique anti-jogo, futebol defensivo.
Quanto a mim, a Holanda nada tem a ver com a Itália. É um facto que ambas são tacticamente disciplinadas, mas contendem em si mesmas prioridades absolutamente diferentes, quase antagónicas.
A Holanda, mentora do “futebol total”, com a “laranja mecânica” nascida nos anos 70, joga para ganhar e para dar espectáculo, marcando o maior número possível de golos (mais no passado do que agora, é certo). É uma equipa que quer a bola e que a circula entre todos os seus jogadores num gigante carrossel.
A Itália, criadora do tristemente célebre “catenacio”, joga para não perder e se possível, ganhar. Desconhecem o que é o espectáculo e defendem que tudo serve para ganhar, até não jogar. Dão o domínio de jogo ao adversário para jogar na táctica mais simples que há: o contra-ataque.
Assistir a vitórias de equipas como a Grécia é dar passos rumo ao que preconizei num anterior comentário – o fim do futebol. E não entendo o que tem de tão cientifico colocar 11 jogadores atrás da linha de bola e contra-atacar rápido ou tentar fazer um golo numa rara bola parada. Difícil é jogar para a frente, é ter uma muralha destas para ultrapassar (“o autocarro” de que Mourinho falava), é ter a bola sem espaços. Esse é o desafio das equipas que jogam ao ataque e que com o incremento das novas tácticas serão invariavelmente infrutíferas. Porque já todos vão percebendo que é mais fácil e dá mais resultados jogar à defesa.
Daí que de pouco adiante à FIFA querer aumentar as dimensões da baliza ou diminuir os jogadores em campo. O que é importante é mudar as mentalidades, visto que quando já ninguém estiver para aturar os consecutivos Itálias-Grécias pode ser tarde demais.

Duque de Espadas

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